sábado, 2 de novembro de 2024

Seletividade alimentar! Frescura ou Doença?



Alimentação infantil é uma preocupação de todas as mães.
Queremos oferecer o melhor aos filhos, mas comumente encontramos a recusa das crianças ao novo.
Nas crianças tipicas isso acontece no decorrer do segundo ano de vida.
A história natural é a boa aceitação das papinhas no primeiro ano de vida, ao completar 2 anos a criança começa a rejeitar alguns alimentos.
Como o alimento e o ato de alimentar se relaciona muito ao amor, as mães se sentem muito mal com a rejeição alimentar.
Costumam realizar troca do alimento em questão por outro de boa aceitação. O que não resolve o problema na verdade reforça o comportamento de rejeição. A criança percebe que não precisa comer o que não quer, pois será trocado.
No consultório de pediatria é comum a frase " Meu filho não come nada!"
Na verdade come, e muito mas apenas o que ele escolheu.
É necessário compreender que existem fases de menor aceitação, e que isso é normal.
Desde que você não deixe de oferecer os alimentos rejeitados, a grande maioria das crianças volta a aceitar.
Mas existem casos bem mais difíceis, considerados de hiper seletividade alimentar.
Estes casos podem ocorrer em crianças tipicas mas encontramos em maior número nas crianças com espectro autista.
Já nestes casos a mãe vai precisar de ajuda de profissionais da terapia ocupacional para intervir.
O profissional vai estudar o caso, perceber a textura melhor aceita pela criança e planejar estratégias de ação.
O trabalho costuma ser lento mas com progressos, enquanto o problema não é resolvido seu pediatra pode necessitar usar suplementação com vitaminas.
Uma boa rotina alimentar desde o inicio e a introdução lenta de novos alimentos são fundamentais para uma boa educação alimentar.
Não podemos querer que os filhos comam o que os pais não comem.
O exemplo na mesa é fundamental!


Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

Neuropediatra



terça-feira, 29 de outubro de 2024

Autismo e suas estereotipias!

 O nosso corpo se comunica!

Sua postura revela muito de você, como você coloca os braços ao falar ou movimentos que realiza.
Se esfrega as mãos quando nervoso, se balança os pés na sala de espera e vários outros sinais.
Jogadores de póquer costuma usar óculos para esconder suas emoções, surpresa ou decepção com a carta recebida.
Nas crianças portadoras de TEA talvez por não conseguirem expressar suas emoções por via verbal costumam apresentar essa comunicação corporal exacerbada.
Surgem movimentos repetitivos, chamados de estereotipias.
Costumam realizar quando ansiosos ou em momentos de felicidade e euforia.
Estas estereotipias são muito mal vistas pelos pais e pessoas em geral, chamam atenção e acabam por demostrar as deficiências da criança.
É comum o pedido de medicação para controlar as estereotipias e deixar a criança mais "normal".
É preciso entender que punir, ou controlar as estereotipias é calar um autista. Já que eles usam estes movimentos para extravasar  suas emoções.
As estereotipias ajudam estas crianças, e se "controladas" podem provocar outros comportamentos também inadequados e com prejuízo ao desenvolvimento.
Quando a criança consegue outras formas de expressar seus sentimentos costumam diminuir ou mesmo abandonar as estereotipias.
As terapias vão dar outras opções de expressão e comunicação.
Deixar seu filho com TEA mais normal aos olhos dos outros não vai resolver nada.
Aceitar o diagnóstico, e passar a entender o que ele quer dizer terá muito mais benefícios ao longo prazo.
Criança motivada à descobrir e desvendar a vida acaba esquecendo de realizar as estereotipias.
Melhor enxergar as estereotipias como forma de comunicação corporal, tentar entender o que ela quer expressar.
Criança feliz é criança aceita!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra



segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O abuso de analgésicos na infância!


 

O abuso de medicação se tornou problema na faixa etária pediátrica nos últimos tempos.

Quase toda família costuma fazer uso de analgésicos simples como dipirona e paracetamol nos filhos, mesmo sem a certeza de sua necessidade.
Este uso indiscriminado de analgésicos complica e tardia diagnóstico na pediatria.
Criança possui algumas particularidades, não sabe definir corretamente o que sente e aceita facilmente ser sugestionada pelos pais.
Este fato é comum em casos de enxaqueca, mas também mascara quadros dolorosos da pediatria.
Se é errado a auto medicação na vida adulta, imagine na vida infantil.
O abuso de analgésicos se torna muito comum na neuropediatria, nos casos de enxaqueca.
A enxaqueca se tornou uma causa comum de dor de cabeça na infância, tendo seu maior vilão a alimentação rica em gordura e fast foods.
A criança queixa-se frequentemente de dor de cabeça e é prontamente atendida pelo uso de analgésico.
A grande maioria das pessoas ainda consideram a dor de cabeça como sinal de problemas visuais.
Sendo que problemas visuais perfazem apenas 10% dos casos na infância.
A enxaqueca é responsável por mais de 80% dos casos de dores de cabeça na infância,  possui nesta faixa etária estreita relação com alimentos.
Muito difícil retirar as guloseimas na infância, então se faz uso de analgésicos e se procura outra causa para justificar o quadro doloroso.
Com a mudança alimentar dos últimos anos, os alimentos ricos em gordura são consumidos na própria casa.
E o aparecimento da dor de cabeça em crianças que herdaram esta patologia migrou de 14-16 anos para 4-6 anos de idade.
O que mais escuto é a frase: Não é normal criança ter dor de cabeça!
Não era! Agora é!
Pagamos um preço pela alimentação mais industrializada.
E neste caso o abuso de analgésicos será um dos fatores de pior prognóstico para o tratamento da enxaqueca infantil.
Falando da pediatria geral, se há dor precisamos encontrar o motivo.
Quanto mais você usa analgésico e consegue o controle, a visita ao pediatra só ocorrerá  quando os analgésicos simples não conseguirem abolir a dor.
Por isso, na pediatria observe a criança.
Peça para ela falar o que sente, não sugerindo local ou nomes como dor.
Use inicialmente algo caseiro como chá, caso não solucione a sensação da criança pode usar analgésico, porém fica atento a frequência desta queixa.
Se for necessário uso frequente de analgésico é porque necessita de avaliação e diagnóstico do quadro.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Enurese Noturna! Xixi na cama!


Fazer xixi na cama é constrangedor para a criança e mal interpretado pelos pais. 



A grande maioria dos pais não possui a visão de que o ato de molhar a cama é uma imaturidade do sistema nervoso, classificam como forma de chamar atenção ou mesmo preguiça da criança em levantar.

Até os 5 anos molhar a cama a noite é normal, após os 7 anos deve ser avaliado por neurologista.

Enurese noturna é o termo técnico usado para definir a perda da urina durante o sono em crianças após os 7 anos.

Muitos sofrem deste problema na população, existe maior incidência se os pais também sofreram na infância desta imaturidade.

O neurologista deve investigar causas orgânicas para a perda de urina, até mesmo crises convulsivas durante o sono são investigadas.

Descartadas causas usuais o neurologista vai realizar orientações do tipo: não ingerir líquidos uma hora antes de deitar, esvaziar a bexiga antes de deitar, usar despertador numa hora definida da noite para levar a criança ao banheiro e etc...

Existe também a opção de prescrição de medicamentos associados as medidas de orientação.

O importante é saber que existe tratamento e que deve ser procurado. A criança sofre desnecessariamente gritos e privações constrangedoras.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra